segunda-feira, 24 de setembro de 2007

TRAÍDOS PELA MEMÓRIA


Semana passada, recordamos os duelos havidos, no final da década de 40, entre Cravete e Carcel. E cometemos um equívoco, traídos pela memória. Contudo, a essência do que foi escrito, não sofreu alteração. Mas Jair Ferreira, um leitor atento, mandou-nos esta colaboração que registra nossa mancada:
Sou leitor assíduo dessa coluna. Não posso ser considerado um turfista porque não sou um apostador, mas sempre gostei do espetáculo e sempre me ineressei pelas histórias dos grandes corredores. Concordo com a apreensão que vem sendo manifestada sobre o futuro do turfe no RS, já tão combalido. É uma lástima que 100 anos de tradição venham a se perder se o Hipódromo de Porto Alegre encerrar suas atividades, tal como já ocorreu em tantos hipódromos pelo interior do nosso Estado. Logo aqui que se tem tanto amor pelo cavalo. Nasci em 1947 e, portanto, na época em que Cravete e Carcel corriam, eu ainda não acompanhava o esporte das rédeas. Entretanto, houve um período em que pesquisei muito nos antigos jornais a história do nosso turfe. A coluna de hoje afirma que houve dois confrontos entre Cravete e Carcel, e que Cravete triunfou em ambos. Não é correto. Houve dois confrontos, sim, mas cada um venceu um. Os dois se enfrentaram pela primeira vez em 20/11/1949 no Grande Prêmio Comparação, em 2200m. No final, Carcel venceu por cerca de dois corpos assinalando o tempo recorde de 143s exatos para os 2200m (esse recorde só seria igualado em 1957 e finalmente batido em 1958. Nos dez anos em que o hipódromo dos Moinhos de Vento ainda funcionou, somente o craque Estensoro, conseguiu correr abaixo dessa marca). Cravete, na ocasião, era um cavalo de 4 anos em ascenção; Carcel, um potro de 3 anos, invicto em 2 ou 3 apresentações espetaculares. Foi a última derrota de Cravete: ele transformaria em vitória suas 12 atuações subseqüentes, venceria 2 Bentos e asinalaria 3 recordes (1600m, 2500m e 3200m). A revanche ocorreu quase um ano depois, no Bento Gonçalves corrido em 05/11/1950. Carcel havia vencido o Protetora do Turfe e permanecia invicto, mas Cravete venceu com autoridade por 5 corpos, tal como menciona a coluna de hoje. Não apenas venceu, como assinalou o tempo recorde de 210s 4/5 para os 3200m. Curiosamente, os dois nunca mais se enfrentariam. Estiveram inscritos juntos em algumas provas, mas sempre um ou outro fez "forfait". Em 1951, até estiveram na largada de um mesmo páreo. Carcel chegou na frente; porém, chegou sem o jóquei, que ele derrubou no pulo inicial. Por isso, o vencedor da prova foi Cravete. Realmente, esses duelos faziam a grandeza do turfe naquela época.

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