segunda-feira, 24 de setembro de 2007

LÁ FORA É DIFERENTE


A imagem do turfe não é boa para a maioria da população brasileira. Ele está sempre e unicamente associado ao jogo. Uma novela da Globo, de grande audiência, insiste em propalar essa imagem. Por duas vezes a personagem de Ioná Magalhães é levada a dizer: "Lá vai ele para o Jockey. Tomara que não ponha todo o dinheiro do aluguel nas patas dos cavalos. Na segunda vez, ela temia que seu marido perdesse nos cavalos, o dinheiro da mudança que iriam fazer. E, finalmente, o casal foi às carreiras, para desfrutar uma agradável tarde na Gávea. Lá, o marido, personagem de Hugo Carvana, encontra um conhecido e leva-o a um canto segredando-lhe: Não diga nada à ela sobre nossos freqüentes encontros aqui, nem de nossas idas ao pôquer e aos cassinos clandestinos." Quer dizer, a mistura de Jockey e cassino clandestino foi colocada num mesmo saco. É assim que o turfe é retratado. Jogo. Nada mais. Não vêm que o turfe é uma atividade econômica de grande relevância. Diferente de outros países, aqui no Brasil ele foi sempre discriminado pelas autoridades e nos últimos tempos, também pela mídia. Mas a atividade abriga muitos milhares de pessoas que nela atuam e dela vivem. A cadeia econômica parte dos haras, passa pelos hipódromos, laboratórios, médicos veterinários, treinadores, jóqueis, cavalariços, funcionários dos hipódromos, enfim, um mundo de gente culminando com os agentes de apostas e de venda de animais. Exportamos cada vez mais nossos cavalos de corrida para os grandes centros, Estados Unidos à frente, por somas antes inimaginadas no Brasil. Carreamos preciosas divisas. Na Europa, EUA, Canadá, Hong Kong e vários países árabes, o turfe é respeitado como algo importante para o lazer e a economia das nações. Vejam o caso do potro Barbaro. Ele ganhou o Kentucky Derby há pouco mais de um ano e, na etapa seguinte da tríplice coroa, foi vítima de grave acidente, fraturando uma pata. O país inteiro se comoveu com o drama do cavalo, acompanhou a desesperada tentativa que os mais importantes veterinários americanos fizeram para salvá-lo. A mídia acompanhou durante meses a batalha. No fim, não houve jeito. Barbaro estava sofrendo muito. Foi sacrificado, sob comoção nacional. O povo, entristecido, lamenta até hoje a perda daquele cavalo que eles consideravam seu herói. Nos EUA fez-se vários filmes sobre a beleza do turfe, sendo o de Seabiscuit o de maior repercussão. Chegou a concorrer ao Oscar de melhor filme. Aqui no Brasil... Bem, melhor deixar pra lá.

Nenhum comentário: