segunda-feira, 24 de setembro de 2007

BATENDO NA MESMA TECLA


Não é novidade a crise em que vive o turfe no Brasil. Temos insistido no assunto e apontamos um caminho para a solução. Ela vem da Argentina, mais precisamente do Hipódromo de Palermo. Em crise, no início da década de 90, sua administração foi posta em remate, no ano de 1992. Um grupo de turfistas e investidores formaram a empresa HAPSA (Hipódromo Argentino de Palermo Sociedad Anonima) e venceram a licitação com vigência até 2017. Tiveram que investir na restauração do Hipódromo mas os resultados não foram o esperado. A situação, com os deficits que se acumulavam, ficou preocupante. Mas aí surgiu a solução. Os bingos e até os cassinos, como o do barco atracado no Puerto Madero e o situado no delta do Rio Tigre agiam livremente, faturando alto e tirando clientela do turfe. Os dirigentes da HAPSA conseguiram convencer as autoridades de Buenos Aires de que o turfe também merecia uma chance. E foi assim que nasceu o que seria a ressurreição e – mais do que isso – o esplendor atual de Palermo. Autorizados a explorarem o jogo e não mais apenas as apostas das corridas, os dirigentes do hipódromo fizeram um contrato com o empresário do ramo de apostas, Ricardo Benedito, para a instalação das máquinas caça-níqueis em suas dependências. O sucesso veio em seguida. Há três anos funcionavam cerca de 70 "slot machines" dentro do hipódromo. Hoje elas passam de 2000. O prado se transformou num imenso cassino, funcionando 24 horas por dia e todos lucram. A minicipalidade, que arrecada polpudos impostos, Ricardo Benedito, que administra o jogo e a HAPSA, que, com os lucros que crescem sem parar, realizou reformas físicas importantes, modernizando o hipódromo e, sobretudo, aumentando substancialmente a premiação dos páreos. O movimento de apostas das corridas também cresce sem parar e hoje já se joga, nas três reuniões que Palermo realiza semanalmente, mais de UM MILHÃO DE DÓLARES. Ter cavalo hoje na Argentina é mais do que um hobbie, mais do que o prazer que só o esporte das rédeas propicia, ser dono de um cavalo passou a ser um grande negócio. A relação prêmio/trato é amplamente favorável ao proprietário que, com uma vitória, pode sustentar seu craque por um ano inteiro e ainda sobra algum. Ricardo Benedito é também um turfista apaixonado. Tem inúmeros cavalos em seu Stud Rubio B que, por sinal, é o líder da estatística que lhe corresponde. E um detalhe final: foi ele quem levou o multi-campeão Jorge Ricardo para ser seu piloto oficial na Argentina. E Ricardinho aproveitou a chance. Lidera com folga a estatística de jóqueis de lá. O exemplo está aí. É só segui-lo. Convencer o governo é que são elas. Cabe aos dirigentes fazê-lo.

Nenhum comentário: