terça-feira, 30 de outubro de 2007

VEM AI A MAIOR PROVA DO TURFE GAÚCHO: O GRANDE PRÊMIO BENTO GONÇALVES

As provas turfísticas são classificadas por seu grau de importância relacionando-se também a importância dos animais que a disputam. Esta classificação é definida pelos grupos e uma prova de Grupo I reúne os melhores animais: os cavalos Grupo I.
O G. P. Bento Gonçalves é a mais importante prova de areia do Brasil e é uma prova de Grupo I.
No próximo dia 15 de novembro, às 18 e 30 horas os porto-alegrenses que estiverem presentes no Hipódromo do Cristal vão sentir as emoções da única prova de Grupo I que se corre em nossa cidade e participar de mais um momento histórico do nosso turfe, em sua nonagésima oitava edição, no ano do centenário da entidade.
A criação do Grande Prêmio Bento Gonçalves remonta a 1909, isto é, decorridos dois anos da fundação (sete de setembro de 1907) da Associação Protetora do Turfe, e ocorreu durante a administração do presidente Antônio Pedro Caminha, homem que consolidou o turfe em Porto Alegre.
A prova disputou-se pela primeira vez no "Prado Rio Grandense", no bairro do Menino Deus, área hoje ocupada pelo parque da Secretaria da Agricultura. A partir de l910, passou a se realizar no hipódromo dos Moinhos de Vento, bairro Independência, até 1958, quando Estensoro, aos 3 anos, montado por Antonio Ricardo, pai do hoje campeão Jorge Ricardo, sagrou-se vencedor do último Bento ali realizado. No dia 6 de dezembro de 1959, Chaval, também montado por Antonio Ricardo batia Guindo por 10 corpos e tornava-se o primeiro animal a ganhar a prova no então novo Hipódromo do Cristal. No ano seguinte, seria a vez de Zago, montado por Oraci Cardoso, em final complicadíssimo, bater por cabeça ao paulista Gavroche diante de um público record de 50 mil pessoas. Grandes tempos aqueles que nos animam para estarmos mobilizados para o próximo dia 15 de novembro, vivendo mais uma página desta prova única. Proprietários locais se agitam e buscam um parelheiro para defender suas sedas no Bento. É o caso, por exemplo,de Aluizio Merlin Ribeiro, que adquiriu em São Paulo ao 4 anos, Starman, frequentador da esfera clássica em Cidade Jardim, especialmente para esse fim. Trará Jorge Ricardo da Argentina para montá-lo. Uma grande atração a mais. O Bento 2007, como se vê por esse pano de amostra, promete muito. Talvez a grande imprensa até se anime a divulgá-lo com a antecedência necessária. Seria mais do que justo, não é mesmo?

ARAMBARÉ E OUTROS BICHOS

Semana passada, houve poucos clássicos importantes no Brasil. Sábado, no Rio, 2 provas “listadas”, em pista de areia, serviram de base ao programa do J.C.Brasileiro. Clássico na areia, lá e em São Paulo, é raridade. Eles amam a pista de grama e talvez essa seja a causa de tantas lesões na cavalhada do centro do país. Mas, voltando aos clássicos cariocas, ambos foram realizados na milha e vencidos por gaúchos, a começar pelo jóquei Marcos Mazini,que estava suspenso e por isso só montou nos clássicos. E levou os dois para seu acervo. 100% de aproveitamento. Começou com o “Octavio Dupont”, para as potrancas, onde pílotou a gaúcha Polish de Naranjos (Patio de Naranjos),criação do Haras J.G. e propriedade do stud Sol de Agosto, também gaúcho. Colocou-a junto aos ponteiros desde o início, aproveitando o fato de largar por dentro. Na reta, fez valer a maior categoria de Polish de Naranjos, que cruzou o disco com pouco mais de 4 corpos à frente da segunda colocada, Radiant Fire (American Gipsy). A pensionista do alegretense Darci Minetto cobriu os 1609m em 98s81. Já no “Ernani de Freitas”, para os machos, disputado 30 minutos depois, a vitória foi de Deep Bet. E que vitória! Também sob as ordens do binômio riograndense Mazini/Minetto (que substituia a Paim,suspenso), o filho de Arambaré realizou uma performance de luxo. Assim como Polish de Naranjos, o potro do Haras Maluga já largou misturado com os vanguardeiros e não ganhou de pau a pau porque Mazini não quis. Quando chegou a hora da verdade, Deep Bet disse adeus à parceria e foi sacando diferença cada vez maior, a ponto de livrar mais de 7 corpos de vantagem sobre o segundo colocado, Ernani Pires (Astor Place), no excelente registro de 97s 88, cerca de 1 segundo melhor do que o da potranca. Provou que é de carreira o potro que vai consagrar a um reprodutor nacional que já vinha dando mostra de que é um ótimo raçador: Arambaré. Guardem esse nome. Edemilson Souza era seu proprietário quando de sua campanha nas pistas brasileiras e sempre acreditou nas qualidades de seu craque. Em função de Arambaré, pode-se dizer ,foi que Edemilson montou o seu modelar Haras Maluga e já vem colhendo resultados positivos. Merece. Agora, Deep Bet será preparado para lances maiores e tem tudo para corresponder às melhores expectativas. Ele começou sua campanha no Cristal, ganhando com extrema facilidade ,em abril. Logo, foi levado ao Rio de Janeiro, tendo lá estreiado no GP ABCPCC ( G1). Não teve sorte, mas esta foi a sua única derrota. De lá para cá, correu 3 vezes e ganhou todas, sendo que o “Ernani de Freitas” é seu primeiro laurel na esfera maior. O filho de Arambaré e Juba Loira (Etendard) vai continuar brilhando e pelo menos na areia vão ter que rebolar para derrotá-lo.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

O ARC DO ARCO

Domingo,7 de outubro. Um dia lindo em Paris. Temperatura agradabilíssima, ideal para se ir às carreiras. E quando se trata do Grand Prix Arc de Triomphe, bem... aí a coisa é muito séria. Como anualmente ocorre, o hipódromo de Longchamp foi literalmente tomado por uma multidão eclética, não faltando desfile de chapéus bizarros na pelouse do prado e tudo o mais que cerca um GP na Europa. Paga-se muito caro pelo ingresso e isso também faz parte do espetáculo. Até um grupo de gaúchos estava lá. Entre eles, Cláudio Marques e esposa, Berta Isabel ; Raul Régis de Freitas Lima e Suzana; Eduardo Protto e Márcia; Ricardo Fellizola e Ana Celina, além de Luis Felipe W. Kessler, que hoje vive em Paris. Um contingente de respeito,como se vê. Eles assistiram a uma seqüência brilhante de grandes prêmios, culminando com a prova mais importante da França, que este ano ofereceu 1 milhão, 140 mil euros a seu ganhador. E a corrida foi sensacional, repleta de emoções , não faltando um final conturbado, que levou as autoridades a retardarem por 30 minutos a confirmação do páreo na ordem em que os animais cruzaram pelo “dernier poteau”. Em primeiro, Dylan Thomas, cabeça à frente de Youmzaim, formando uma dupla irlandesa . Este voava no final e, se tivesse mais alguns metros, ganharia na certa. Mas o Arc de Triomphe tem apenas 2400 m. Em terceiro, também atropelando forte,o norteamericano Sagara,que precedeu ao alemão Getaway, com Soldier of Fortune em quinto,completando o placard. Dá para afirmar que, não fora o fato de pertencer aos mesmos proprietários de Dylan Thomas, o filho de Danehill seria desclassificado. Ao passar para a ponta, nos 250m finais, o pilotado de Kieren Fallon jogou-se bruscamente para dentro, cortando a linha de seus concorrentes, indo prensar seu companheiro,Soldier of Fortune, junto à cerca interna. A turma de brasileiros sentiu que não é apenas no Brasil que acontecem finais complicados por partidos aplicados pelos jóqueis, no afã de defender a carreira. Exultaram muito os donos de Dylan Thomas, Susan Magnier e Michael Tabor, e principalmente seu treinador, o jovem Aidan O Brien ,que ganhou ali o seu primeiro Arc. O espaço chega ao fim, então vamos registrar que o favorito da prova, o craque Authorized fracassou rotundamente. Ficou lá por trás, no início e de lá nunca saiu, deixando perplexos a todos que esperavam dele uma corrida pelo menos à altura de seus régios antecedentes.

CADA VEZ MAIS DIFÍCIL

Mais um recorde negativo. Quinta–feira passada no hipódromo do Cristal, programa com 10 provas, 9 com apenas 5 concorrentes inscritos e uma com 6 animais. Total: 51 anotações. Parece mentira, mas assim está a situação das corridas promovidas pelo Jockey Club do Rio Grande do Sul. É claro que outra vez tivemos grande prejuízo. A coisa vai de mal a pior. A dívida da entidade cresce “sem alívio e sem descanso” –como diziam os antigos. Os prêmios continuam não sendo pagos e ultimamente nem os funcionários recebem em dia e as comissões dos profissionais também estão penduradas. Dói na alma constatar esta triste realidade que estamos vivenciando. Será que não há nada a ser feito? Com a palavra o sr. Deoclides Gudolle, presidente do Jockey...

VITÓRIAS IMPORTANTES EM SÃO PAULO
No sábado, 6 de outubro, o Jockey Club paulista,hoje em franca recuperação, após uma fase bem ruim, fez realizar um programa de luxo, com destaque para 2 grandes prêmios classificados como de grupo 1. Ambos integram as tríplices coroas de São Paulo. O GP Diana, para as potrancas de 3 anos é a terceira etapa da tríplice coroa das fêmeas e foi corrido em 2000m, pista de grama leve. A vitória coube a uma égua de sangue régio, criada em Bagé/ Aceguá, no Haras Doce Vale, de Patrícia Bozzano. Falamos de Éissoaí, uma filha de Roi Normand em Onefortheroad, por Ghadeer. Contando com um pouco de sorte e a direção inspirada de Dalto Duarte, o jóquei – revelação da Gávea, ela atropelou junto aos paus e levou a melhor, livrando meio corpo sobre a favorita Light Green (Blush Rambler),que correu sempre por fora, cedendo uma vantagem que lhe foi fatal.Ela que era a candidata a ser tríplice coroada (havia ganho os 2 primeiros degraus)teve que se contentar com a dupla,amarga,face às circunstâncias,tendo finalizado em terceiro, a pouco mais de um corpo, Pretty Carolina (Vettori).

MEU REI SEGUE CANDIDATO
Outro clássico de percurso emocionante foi o GP J.C. de São Paulo, Segunda etapa da tríplice coroa( na verdade quádrupla ) dos machos, na Paulicéia. Onze produtos disseram presente no partidor dos 2 km, também na grama. E mais um estabelecimento gaúcho, de Bagé, se destacou. Desta feita foi o Haras Old Friends, de Júlio e Julinho Camargo , situado no local onde antigamente funcionava o saudoso Haras Jaguarão Grande, de Jerônimo Mércio da Silveira. Pois o relativamente novo Haras Old Friends apresentou a dupla vencedora da prova e ainda o quarto colocado, numa performance realmente notável. O ganhador foi Meu Rei (Vettori)que teve de suar sangue para bater a Mr. Universo (Roi Normand). Este chegou a dominar nos 400 m finais, mas não contava com a raça e a valentia de Meu Rei,que reagiu junto à cerca , tocado com manda o figurino por Ivaldo Santana (outro ginete que se iniciou no Cristal) e recuperou a ponta ,livrando ainda meio corpo no disco final. Em terceiro, Bain Douche (Know Heights) meio corpo adiante de Mr. Nedawi (Nedawi).

A IMPORTÂNCIA DA TAÇA DE CRISTAL

Em 1977, os criadores do puro sangue inglês de corridas, reunidos em sua associação de classe, chegaram à conclusão de que deveriam criar algo que servisse de estímulo à atividade. Foi da discussão desse tema, que nasceu a Taça de Cristal, inspirada no que fizeram os criadores de Rio e São Paulo e principalmente na Breeders Cup, na época, recém instituída pelo criadores norte- americanos. O GP Taça de Cristal nasceu para ser a prova de maior premiação para os animais de 2 anos em todo o Brasil. Era um tempo bom. Dezenas de haras estavam estabelecidos no município de Porto Alegre e arredores. Com o tempo, sumiram do mapa, restando um ou outro que teima em resistir, ousando enfrentar a crise que atravessa o turfe local. Mas a alta premiação da Taça (de fato, eram duas, 1 para os machos, outra para as fêmeas ) foi possível graças à contribuição de criadores e proprietários, que pagavam a inscrição de seus animais para poderem participar das provas. Foi um sucesso. Hoje, a Taça de Cristal já não é tão valiosa, mas ainda tem uma enorme importância para o nosso combalido esporte. Afinal, mesmo deixando de ser o maior do país na categoria ,o prêmio das nossa taças continua sendo excelente para os valores locais. A Associação Gaúcha dos Criadores do Cavalo de Corridas garante a premiação para as taças de um mínimo de 10 mil reais, mais o prêmio dado pelo Jockey Club para as provas clássicas. Nos dias de hoje, é válido ressaltar que a Associação se compromete a pagá-lo ,religiosamente ,conforme o previsto no Código Nacional de Corridas. Agregue-se a isso , o fato de que, desde a gestão Ricardo Matas, em 2002, a promoção ganhou o reforço da instituição da TRÍPLICE COROA JUVENIL e temos um evento dos mais apetitosos, à disposição dos heróicos proprietários gaúchos. A Triplice Coroa Juvenil começa em fevereiro, com um clássico em 1200m ,na areia; prossegue em abril, com outro clássico, só que na pista de grama e em 1400m, culminando com a Taça de Cristal, no final de junho. Quem inscrever seu potro ou potranca terá a chance de disputar essa tríplice coroa exclusive para cada sexo, com a garantia de receber os prêmios. Pelo que representa para o turfe no Rio Grande do Sul, essa iniciativa merece todo o apoio e, portanto, apelamos aos criadores e proprietários que ainda nos restam: façam mais este esforço, inscrevam seus produtos. .Até esta semana, já tínhamos 69 anotações, mas é preciso que esse número cresça muito mais. Lembramos que, até o fim do mês, a inscrição custa 4 parcelas mensais de 400 reais. Para os que preferirem esperar até novembro (quando as inscrições se encerram) o valor aumenta para 3 parcelas de 600 reais. Aproveitem a oportunidade. Quem possui um potro ou potranca deve participar. A Associação dos Criadores garante que ,se sobrar dinheiro do valor arrecadado, ele será revertido em aumento proporcional na premiação das 6 provas que compõem o que se denominou de Copa AGCCC. São 3 clássicos para as fêmeas e outros tantos para os machos de 2 anos de idade. É uma iniciativa elogiável sob todos os aspectos. Prestigiá-la com uma inscrição, é dever de todo o proprietário.

PENCA EM JÚLIO DE CASTILHOS E OUTRA NOTAS

Será hoje à tarde a final do GP Primavera, penca em 500m, promovida pelo Jockey Club Castilhense. As eliminatórias aconteceram ontem e, se o caro leitor não estiver familiarizado com as corridas de cancha reta no RGS, há de estranhar o fato de a final da penca ser realizada numa segunda-feira, na tarde de um dia útil. Isso acontece já a alguns anos e o motivo é simples: num dia útil podem ser checados os cheques dos
apostadores....
MEU REI PODE IR
O craque criado em Bagé, pelo Haras Old Friends, pode ir embora. Apareceu um interessado por ele, com oferta vinda do exterior. Contudo, o negócio está pendente de uma proposta formal, por escrito. Segundo informou seu proprietário, Hélio Biscaro, só assim ele decidirá por sua venda, ou não. Até lá, seguirá o filho de Vettori a programação que lhe foi traçada: tentar vencer a Tríplice Coroa (ele ganhou as duas primeira etapas) no Derby Paulista, em 10 de novembro e, dependendo do resultado, viajar para a Argentina, onde disputaria o GP Carlos Pellegrini, em 15 de dezembro ,a prova mais importante do turfe sulamericano.
UMA BOA, OUTRA RUIM
A boa é que Biólogo, criado no Haras Fronteira, de Mariozinho Moglia e pertencente ao Stud Raça, venceu com categoria no sábado,13,o Clássico Emerson, em 2400m, na grama de Cidade Jardim.O filho de Vettori (um sucesso na reprodução) marcou 149s76 e se habilitou para disputar com muita chance o Derby Paulista,na mesma distância, em novembro, ainda mais se a venda de Meu Rei for concretizada. A nota triste para o Haras Fronteira é que seu pupilo ,Do Canadá, o líder entre os machos na Gávea, perdeu o GP Linneo de Paula Machado para a também bageense, Celtic Princess ( criada no Haras Bagé do Sul para a Coudelaria Jessica) e ,pior,sentiu de um tendão, com gravidade tal que pode afastá-lo definitivamente das pistas.

MAROÑAS E NÓS, DE NOVO

Agora foi a gaúcha Dozir Fitz (Fitzcarraldo), criada em Taquara, pelo Haras la Cibéles, de Vicente Izquierdo. A potranca, pilotada por W. Maciel, levantou o Clasico Jorge Pacheco, em 1400m ,marcando 83s90. No mesmo domingo,14 de outubro,o GP Selección, em 2000m, marcou nova vitória de Ancona, a filha de First American criada pela parceria entre o Stud Tnt, de Bagé, com o haras Don Alfredo, do Uruguai. Deste modo, já que ela havia ganho a Polla (primeira etapa) ficou apta a disputar o título de tríplice coroada ,caso derrote aos machos no Derby Uruguayo, o GP Nacional, último degráu do difícil galardão.

O MELHOR CAVALO DO BRASIL É ÉGUA

Isso mesmo. Depois do Grande Criterium, GP Linneo de Paula Machado (grupo I), realizado domingo passado no hipódromo da Gávea, não resta mais nenhuma dúvida: Celtic Princess, uma potranca de 3 anos, é o melhor animal em atuação no Brasil. A filha de Public Purse e Exotic Dinner ( Formal Dinner) ganhou como e quando seu jóquei quis, nos 2 km do Criterium. E bateu, não a um cavalo qualquer, mas ao líder entre os machos da idade, Do Canadá (Vettori). E com uma facilidade impressionante. Celtic Princes havia perdido apenas uma vez. Foi na milha internacional do GP Presidente da República, em agosto último, quando enfrentou aos mais velhos e perdeu uma corrida “criminosa”, por diferença mínima. Reconhecendo seus méritos, os apostadores a elegeram franca favorita da prova ( Pule de 1,40) e a potranca de criação e propriedade da Coudelaria Jessica superou as expectativas mais otimistas. Seu piloto, Dalton Duarte, só teve um trabalho durante o percurso. E foi o de contê –la na primeira parte da corrida. Celtic Princess queria lutar na frente e escabeceava ,contida pelo jóquei, que teve de levá-la para dentro, ficando nas patas de New Royale, que mandou-se para a vanguarda, fazendo papel de coelho para seu companheiro de farda, Do Canadá, postado em quarto, por fora. Ao lado de Celtic Princess ,corria Jeune Turc. Sem maiores alterações vieram os competidores até a reta final . Nessa altura dos acontecimentos, Do Canadá começou a se aproximar perigosamente, enquanto Celtic Princess punha-se ao lado de New Royale e vinha inteira,sem que D. Duarte a houvesse solicitado. Ao sentir a proximidade de Do Canadá, sacudiu o bridão e foi a conta para cruzar de viagem sobre o ponteiro e não dar confiança à carga de Do Canadá. Sem conhecer o chicote, Celtic Princess livrou quase 3 corpos até o disco final, tendo sido infrutíferos os esforços do filho de Vettori em dela se aproximar. O tempo da prova foi excepcional, 119s19, menos de 8 décimos do recorde da distância,em poder de Falcon Jet desde fevereiro de 1992. Treinada pelo exitoso compositor, Dulcino Guignoni, Celtic Princess chegou assim a sua quinta apresentação, todas clássicas e quarta vitória. Segundo informou seu proprietário, Luis Fernando Dannemann, seu próximo compromisso será na Argentina. Se tudo continuar bem, a craque brasileira irá abrilhantar o internacional GP Carlos Pellegrini,sobre 2.400 m, em 15 de dezembro,na grama de San Isidro. Uma pretensão ousada? Sem dúvida, mas a égua fez por merecer essa oportunidade e ,pelo que vem demonstrando, vão ter que correr muito, se quiserem derrotá-la.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

RICARDO SEGUE BRILHANDO - 08/10/2007

Aos 46 anos, recém cumpridos, Jorge Ricardo continua em grande forma e talvez ainda este ano chegue à sua última meta, que é a de alcançar 10.000 vitórias em seu fabuloso currículo. Ricardinho, hoje, é o jóquei em atuação no mundo com a maior soma de lauréis. Até quarta-feira passada, já batera nos 9.878 triunfos, número que supera em 27 o de seu mais próximo rival, o canadense, radicado na costa oeste norte-americana, Russel Baze. Faltam, portanto, apenas 122 vitórias para chegar lá. Seguindo no ritmo atual, antes do final do ano estaremos comemorando mais esta façanha do fenomenal piloto brasileiro. E logo,logo srá o maior ganhador da história do turfe mundial, em todos os tempos.

ALCORANO - 08/10/2007

Hoje, acontece em Maroñas o GP Jockey Club (GI), segunda prova da tríplice coroa uruguaia, em 2000 m. E como anunciara seu treinador, Ivo "Coco" Pereira, Alcorano estará presente para enfrentar a nada menos que 13 outros potros de 3 anos, entre os quais, um outro brasileiro, Gomek, irmão paterno de Alcorano (Public Purse).É um teste rigoroso mas, se passar por ele, o potro de Ulisses Carneiro passará a valer em dólares, muitos "billetes verdes, por supuesto"...

DUPLA BRASILEIRA NO CLÁSSICO DE MAROÑAS - 08/10/2007

Parece que está virando rotina os cavalos brasileiros ganharem os clássicos no Uruguai. Domingo passado foi a vez dos paranaenses Bucaneer (Boatman) e Escriba (Kenético) levarem de vencida aos craques de Maroñas. Era o GP de Honor, prova de grupo dois, a de maior distância dentre todas as que integram o calendário do turfe de Montevidéu. Cumprindo o plano arquitetado pelo treinador Ricardo Colombo (também paranaense), o bridão gaúcho Ronie Von Souza foi para a vanguarda, fazendo carreira para seu companheiro de stud, Bucaneer, que ficou lá por trás, aguardando a hora de tratar dos papéis. O favorito Super Cat (Cloud Watch) corria em segundo. E assim vieram até a reta final, com Escriba resistindo sempre aos ataques de seu rival. Neste momento, o brasileiro Valdemir Lemes Medeiros, piloto de Bucaneer, achou que já estava na hora. Fez correr o filho de Boatman e este ,rapidamente, cruzou por cima de seu companheiro de box, com tempo ainda de livrar mais de 3 corpos até o disco final . Tempo da prova: 186s97. Foi a terceira vitória uruguaia deste filho de Boatman, criado por Duilio Berlese no Paraná. Recorda-se que ele foi enviado por seu proprietário, Haras Belmont, no final do ano passado para disputar a prova máxima do turfe charrúa, o GP Ramirez. Infelizmente, um lamentável acidente com o caminhão que o transportava, machucou-o com gravidade e, lógico, Bucaneer não pode correr. Recuperado, cada dia anda melhor e, a continuar nessa toada, será candidato certo ao Ramirez de 2008,em janeiro próximo.

ESTENSORO, O MELHOR CAVALO DE TODOS OS TEMPOS - 07/10/2007

Ele só perdeu uma única vez no velho hipódromo dos Moinhos de Vento. E foi em sua estréia. Cercado de grande expectativa, face aos magníficos ensaios que produzira, este alazão, filho dos franceses Estoc e Perfidia, era pule de devolução. Largou frio, numa prova de 1200m, para potros perdedores, sob o comando de Antonio Ricardo que, assim como Estensoro, foi um jóquei primoroso, não teve até hoje quem lhe fizesse sombra. Para surpresa dos que conheciam seus antecedentes matinais, o potro do Haras do Arado tinha dificuldades para acompanhar a carreira. Na raça foi se aproximando, mas não passou de um segundo lugar para Senhoraço. Este entrou para a história. Não porque tenha sido um grande cavalo. Longe disso. Realizou uma campanha apenas medíocre. Porém, por ter batido ao craque, tornou-se imortal. É que essa foi a única derrota de Estensoro. Era o ano da graça de 1958. Depois de ganhar facilmente a prova de perdedores, Estensoro passou para a esfera clássica e foi acumulando vitórias espetaculares. O prado se enchia de gente a cada nova aparição do alazão do Dr. Breno Caldas. Mas este grande nome da criação gaúcha teimava em não ir ao prado. Assistia pelo rádio as corridas monumentais do seu craque. Cábula, quem sabe... Mas o fato é que ele perdeu de ver a quebra de vários recordes, um feito inédito até hoje na história do turfe portoalegrense. Estensoro ganhou dez grandes prêmios, culminando com Bento Gonçalves, a maior prova do turfe gaúcho, que, na época, era disputado em 3200m. Nessa trajetória sem igual, o pupilo de Ervandil Lopes foi acumulando recordes. Quebrou a marca da milha, dos 2200 e dos 3200 m. Não tinha mais nada a provar em Porto Alegre. Era até tríplice coroado. Seu proprietário então resolveu dar a cartada que o cavalo merecia. Levou-o ao Rio de Janeiro, para disputar o GP Brasil de 1959. Seu treinador foi junto e Estensoro logo retomou sua rotina de quebrar os relógios. Em seu último exercício de distância, o filho de Estoc bateu o recorde dos 3000 m da Gávea. E foi com esse cartel que ele se apresentou em agosto de 1959, para enfrentar os melhores cavalos da América latina. Nomes fulgurantes como os de Escorial, Narvik, Xaveco, o argentino Atlas e outros, eram os animais a enfrentar. Tarefa hercúlea, como se vê. Mas a enorme legião de gaúchos, presente ao hipódromo, não queria saber. Era Estensoro e a tropa! Porém, o canter da prova nos mostrou um Estensoro diferente daquele que estávamos acostumados a ver. Na raia duríssima, nosso craque fez um galope preliminar em que seu desconforto com a cancha de grama ficou patente. Veio a largada e o que se adivinhava no passeio se confirmou. Estensoro ficou lá atrás, pipocando na raia dura e lá de trás não saiu. Frustração geral. E o Dr. Breno dessa vez foi ao prado... Depois... o triste regresso da caravana de turfistas e do craque alazão. Constatou-se então que Estensoro estava com uma lesão no joelho. Foi "empapelado" e reapareceu em seguida, no GP Protetora do Turfe, pilotado por Clóvis Dutra. Ganhou como o craque que era. Despediu-se fazendo um desfile já no Hipódromo do Cristal. É óbvio que recebeu uma grande ovação. Em março de 1960, Estensoro ingressou na reprodução, no haras em que nasceu. Nunca houve um cavalo como ele!

AÇÃO JÁ, MINHA GENTE - 06/10/2007

Insistimos na tecla. O turfe, ou pelo menos o Jockey Club do Rio Grande do Sul, só se salvará de um triste epilogo caso medidas urgentes sejam tomadas. Está provado que apenas vender patrimônio, não resolve. Nunca resolveu. A entidade já torrou sua valiosa sede da rua Andrade Neves, no centro de Porto Alegre; já torrou os vários terrenos que possuía no Cristal; já torrou a fabulosa área onde está se instalando o BarraShoppingSul. E já viraram pó os três milhões de reais que o craque Ronaldinho Gaúcho pagou pela área onde funcionava o Posto de Fomento, na Restinga. Agora, a bola da vez é o terreno onde está instalada a Vila Hípica do hipódromo. Corretores pululam em torno dela, qual abutres na carniça. Estão na deles. Farejam a oportunidade de faturar grosso com a negociação da fabulosa área. Mas se retrospecto vale (e no caso só vale), vender apenas não adianta. Só se adia a hora da morte. Se permanecer as coisas como estão, com o JCRGS acumulando prejuízos semanais, cada vez maiores, e sendo apenas uma agência do Jockey Club Brasileiro, o dinheiro de mais essa venda se escoará pelo ralo e prontamente a miséria voltará. Salta aos olhos que o convênio com o Rio é ruinoso. Só eles ganham e, pior, o comando do turfe de Porto Alegre, na realidade, está também nas mãos deles. Isso não pode continuar. Por outro lado, a legislação sobre o jogo no Brasil, é uma verdadeira bagunça. É um tal de abre -fecha nos bingos e nas casas de jogo, que nunca acaba. Sempre aparece um juiz que concede uma liminar que reabre as casas fechadas. Aqui no RGS, então, há até uma casa de corridas de cavalo virtuais explorando o povo. Parece que o tal Jockey Club de Eldorado (que não é clube, nem promove corridas reais – é uma simples casa de jogo) andou sendo visitado pela polícia, essa semana, em Porto Alegre. Foi fechado, como também já ocorrerá em Bagé e Cachoeira do Sul. Mas, em outras praças ele continua a funcionar. Não dá pra entender... Ou até dá? Por tudo isso, a regulamentação da atividade é tarefa urgente e precisa contemplar o Turfe, antes de mais nada. Afinal um governo que faz o TimeMania para ajudar o futebol, por que não iria contemplar o Turfe, uma atividade econômica social e esportiva que dá muito mais emprego e tem grande importância em todo mundo.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

AINDA A CRISE DO TURFE


Nesta última quinta-feira, tivemos o programa do Cristal reduzido a dez provas e a metade delas com apenas cinco animais. É um sinal dos tempos, tristes tempos que estamos vivendo no turfe em Porto Alegre. A crise parece não ter fim. Prêmios, salários e comissões dos profissionais em atraso. Cocheiras cada vez mais despovoadas. Tudo aponta para um desfecho que ninguém deseja para a crise sem precedentes porque passa o JCRGS. Na semana posterior ao GP Protetora do Turfe, não tivemos carreiras. Os dirigentes informaram que era devido à mudança que se faria nas torres de iluminação, que deixariam o terreno onde estão e que hoje pertence ao Barrashoppingsul, passando para a bacia do prado, junto à pista de grama. Pois bem, as torres continuam onde sempre estiveram. Muita gente pensa que a história da mudança foi apenas um pretexto para justificar a não realização do programa de 13/09. E isso não é bom. E, considerando que as crises políticas se acumulam em Brasília e ainda a má-vontade que impera nas relações entre os dirigentes das principais entidades turfísticas do país, ações em nível governamental ou no legislativo federal ficam bastante prejudicadas, não acontecem. E nada é feito na via legal para reverter o atual quadro da atividade turfística. Então, para o nosso caso aqui do JCRGS, só resta agir com nossas combalidas pernas. Vender a Vila Hípica poderia ser uma nova solução paliativa. Só se ganharia uma sobrevida. Porém, sem mudança radical no cenário atual, não se resolve o problema. E essa mudança passa necessariamente por uma reformulação na relação com o Jockey Club Brasileiro. Viramos meros agentes do turfe do Rio de Janeiro. Eles faturam e nós só temos prejuízos. Se não mudarmos essa relação, nada adianta. Sabemos que é difícil, que o JCB, ainda por cima, está em plena campanha eleitoral para renovação ou não da atual diretoria, que pretende, ao que parece, se eternizar no poder, a partir de um estatuto eleitoral ultrapassado que permite a reeleição ad eternum. Diante desse quadro, fica difícil chegar-se a um acordo que venha, pelo menos, contemplar uma parte de nossas legítimas reivindicações. Mas não podemos esperar e a solução, quem sabe, seria buscar outro caminho, como por exemplo, se fez no Uruguai. São considerações daqueles que se angustiam com a situação atual e esperam sinceramente que possamos sair desse quadro doentio que se abateu sobre o turfe em Porto Alegre.

O FILHO DA PUTA


No ano de 1815, o cavalo que ganhou o St Leger Stakes, em Doncaster, na Inglaterra, foi imortalizado em um quadro a óleo, executado por Herring, um dos grandes pintores da época. Até aí, nada demais. Era costume, naqueles tempos remotos, os vencedores dos grandes clássicos servirem de modelo a um artista, responsável por imortalizá-lo na tela. Então, por que falar disso? Bem, é que o ganhador desse St Leger de 1815 chamava-se Filho da Puta. Isso mesmo, o nosso palavrão. Sabem por quê? Há pelo menos três versões sobre a razão desse insólito nome. A que nos parece mais plausível (e também a mais curiosa), passamos a relatar. Consta que o Embaixador português, à época, era apaixonado por turfe e também por uma viúva inglesa com a qual mantinha relações, digamos, maritais. Pois bem, nosso Embaixador compareceu a um leilão de potros e comprou uma potranca à qual batizou de Mrs. Barnett, que era o nome da sua viúva, homenageando, assim, seu britânico amor. Mrs. Barnett (a égua), cumpriu campanha discreta nas pistas inglesas, sofreu uma lesão e não pode mais continuar correndo. Nosso bom português, então, deu-a de presente a um seu amigo da corte, que era também criador de cavalos. Passaram-se mais de 12 meses e neste interregno a viúva "pateou o ninho", mandando-se com um oficial da armada, bem mais jovem. O Embaixador, é óbvio, não gostou da traição, mas engoliu sua mágoa. Num fim de semana, ele foi convidado por seu amigo criador para uma visita ao haras, visto que sua égua estava por parir. E lá se foi nosso herói. Efetivamente, Mrs. Barnett, a égua, pariu um lindo potro e o Embaixador foi levado a examiná-lo. Era de fato um belo espécime eqüino. Como uma homenagem a seu luso amigo, o Lorde inglês pediu que ele o batizasse com um nome típico de Portugal. O Embaixador, ainda engasgado com a perda de sua ex-amada, lascou-lhe o nome que lhe veio à mente ao ver sua égua com o potrinho ao pé. Filho de Mrs. Barnett, só podia se chamar Filho da Puta. E foi assim que o ganhador do St Leger de 1815 passou para a posteridade. Não por ter sido um grande cavalo. Até que foi muito bom, mas não conseguiu dar continuidade a sua linhagem. Sumiu da história do PSI, mas sua pintura ganhou centenas de milhares de reproduções e hoje enfeita paredes em todos os países de língua latina. A gravura de Filho da Puta, em função de seu nome bizarro, transformou-se no maior best seller do turfe mundial.