No antigo e saudoso pradinho dos Moinhos de Vento, lá pelo fim da década de 40, dois cavalos se destacaram, ganhando fãs entusiasmados, que discutiam qual era o melhor. Cravete ou Carcel? Cravete teve uma história curiosa, que lembra a de L`Amico Steve, recente ganhador do GP Brasil. Ele também começou correndo pouco e só aos 4 anos é que se começou a vislumbrar o craque que viria a ser. Cravete pertencia a Amália Carvalho, viúva de Gaspar Carvalho, que o criou em seu haras, no município de Uruguaiana. Era treinado por "Don" Camilo Iberra, nascido no Uruguai. O filho de Crater e Blindada não era um cavalo veloz, mas era parelho e com um fôlego fantástico. Ganhava todas. Mais jovem, o pelotense Carcel, fora criado pelos sucessores de Francisco Caruccio, no Haras Santa Bárbara, situado nos arredores da "Princesa do Sul". Filho de New Year e Marl, era um alazão veloz e resistente. Também ganhava todas. Diante desse quadro, era natural a expectativa que despertava o embate que os dois craques iriam travar. Cravete, pilotado por Ganganelli Cunha, o "Gigante" e Carcel, obedecendo ao guante de Carlos Netto, o emotivo "Netinho". Consta que Netinho chorou ao ser derrotado pelo pilotado de Gigante, numa carreira emocionante. Sentindo que o inimigo, Carcel, corria na frente, Gigante obrigou o filho de Crater a sair de seu ritmo natural, indo para cima do rival. Num mano a mano de arrepiar os cabelos, prevaleceu no final a vitória de Cravete. No GP Bento Gonçalves, a revanche tão esperada pelos carcelistas. Mas desta feita não restaram dúvidas, Cravete já correu na ponta, surpreendendo a todos e ganhou por vários corpos. Os adeptos do alazão treinado por Carlos Gasparini, nem assim se conformaram. Carcel estaria num dia ruim, por isso a derrota contundente. Pelo sim, pelo não, o certo é que foram dois grandes cavalos. Sua presença na pista lotava o prado dos Moinhos de Vento que se enchia de torcedores, mais do que apostadores, apaixonados pelo turfe e seus craques. Histórias assim, fazem a grandeza do outrora Esporte dos Reis, mas que de fato sempre foi uma paixão popular. Relembrá-las é reviver uma época gloriosa, em que o Jockey Club do RGS financiava a construção do colosso chamado Hipódromo do Cristal, exclusivamente com o resultado das apostas. A inauguração do novo hipódromo só se daria 10 anos depois, no final de 1959. Hoje, os tempos são outros. O turfe sofre concorrência de todos os lados, abandonado pela imprensa. Vivemos uma crise, da qual só sairemos contando com a colaboração de todos os que amam a atividade e, se e quando, os dirigentes das principais entidades turfísticas resolverem deixar de lado suas diferenças e partirem unidos a Brasília, em busca de uma solução que, necessariamente, passa por uma legislação que, para variar, proteja o turfe. Afinal, eles fizeram o Timemania para proteger o futebol. Por que o turfe ficar de fora?
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
CRAVETE X CARCEL – BONS TEMPOS AQUELES
No antigo e saudoso pradinho dos Moinhos de Vento, lá pelo fim da década de 40, dois cavalos se destacaram, ganhando fãs entusiasmados, que discutiam qual era o melhor. Cravete ou Carcel? Cravete teve uma história curiosa, que lembra a de L`Amico Steve, recente ganhador do GP Brasil. Ele também começou correndo pouco e só aos 4 anos é que se começou a vislumbrar o craque que viria a ser. Cravete pertencia a Amália Carvalho, viúva de Gaspar Carvalho, que o criou em seu haras, no município de Uruguaiana. Era treinado por "Don" Camilo Iberra, nascido no Uruguai. O filho de Crater e Blindada não era um cavalo veloz, mas era parelho e com um fôlego fantástico. Ganhava todas. Mais jovem, o pelotense Carcel, fora criado pelos sucessores de Francisco Caruccio, no Haras Santa Bárbara, situado nos arredores da "Princesa do Sul". Filho de New Year e Marl, era um alazão veloz e resistente. Também ganhava todas. Diante desse quadro, era natural a expectativa que despertava o embate que os dois craques iriam travar. Cravete, pilotado por Ganganelli Cunha, o "Gigante" e Carcel, obedecendo ao guante de Carlos Netto, o emotivo "Netinho". Consta que Netinho chorou ao ser derrotado pelo pilotado de Gigante, numa carreira emocionante. Sentindo que o inimigo, Carcel, corria na frente, Gigante obrigou o filho de Crater a sair de seu ritmo natural, indo para cima do rival. Num mano a mano de arrepiar os cabelos, prevaleceu no final a vitória de Cravete. No GP Bento Gonçalves, a revanche tão esperada pelos carcelistas. Mas desta feita não restaram dúvidas, Cravete já correu na ponta, surpreendendo a todos e ganhou por vários corpos. Os adeptos do alazão treinado por Carlos Gasparini, nem assim se conformaram. Carcel estaria num dia ruim, por isso a derrota contundente. Pelo sim, pelo não, o certo é que foram dois grandes cavalos. Sua presença na pista lotava o prado dos Moinhos de Vento que se enchia de torcedores, mais do que apostadores, apaixonados pelo turfe e seus craques. Histórias assim, fazem a grandeza do outrora Esporte dos Reis, mas que de fato sempre foi uma paixão popular. Relembrá-las é reviver uma época gloriosa, em que o Jockey Club do RGS financiava a construção do colosso chamado Hipódromo do Cristal, exclusivamente com o resultado das apostas. A inauguração do novo hipódromo só se daria 10 anos depois, no final de 1959. Hoje, os tempos são outros. O turfe sofre concorrência de todos os lados, abandonado pela imprensa. Vivemos uma crise, da qual só sairemos contando com a colaboração de todos os que amam a atividade e, se e quando, os dirigentes das principais entidades turfísticas resolverem deixar de lado suas diferenças e partirem unidos a Brasília, em busca de uma solução que, necessariamente, passa por uma legislação que, para variar, proteja o turfe. Afinal, eles fizeram o Timemania para proteger o futebol. Por que o turfe ficar de fora?
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2 comentários:
Muito interessante esta matéria. Como neto de Don Camilo, cresci ouvindo histórias do Cravete. Não conheci meu avô, mas as histórias desta legenda do turfe gaúcho, pelo que vejo, permanecem.
A história é interessante, mas contém um erro. Os dois cavalos só se enfrentaram realmente duas vezes, mas com uma vitória para cada um: em fins de 1949, no GP Comparação, Carcel, então com 3 anos venceu por 2 corpos no tempo de 143s para os 2200m, recorde que só foi batido em 1958 por Estensoro. A revanche veio no GP Bento Gonçalves de 1950, com Cravete vencendo por 5 corpos, em 210s4/5 para os 3200m, recorde que perdurou até 1954. Carcel estava invicto até então. Houve mais um páreo em que ambos estavam inscritos; Carcel chegou na frente, mas sem o jóquei, que caiu no início da corrida. O vencedor do páreo foi Cravete. A história dos dois é invertida: Carcel foi imbatível até os 4 anos. Depois da derrota para Cravete no "Bento" de 1950, teve campanha irregular, com vitórias e fracassos. Cravete foi corredor médio até os 4 anos. Depois da derrota para Carcel, correu 12 páreos vencendo todos, inclusive dois "Bentos" e estabelecendo 3 recordes (1600m, 2500m e 3200m). Na comparação, Cravete foi bem superior. Abração. Jair Ferreira
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