segunda-feira, 24 de setembro de 2007

DECADÊNCIA


O turfe no RS era pujante. Além das canchas retas, presentes em praticamente todos os municípios, tínhamos os hipódromos de volta fechada, dando carreiras pelo menos uma vez por semana. Além do Cristal, tínhamos a Tablada, em Pelotas, Vila Miguel, em Rio Grande, Passo d’Areia, em Santa Maria, Visconde Ribeiro de Magalhães, em Bagé, e ainda os prados de Canoas, Uruguaiana e Livramento. Canoas foi o primeiro a morrer, vitimado por más administrações. As dívidas, os custos trabalhistas e as ações judiciais se encarregaram do resto. Estão matando aos poucos todos os hipódromos, não apenas do RS, mas de todo o Brasil. Custos de manutenção cada vez mais altos, a ganância governamental e a concorrência que o próprio governo impõe, com seus jogos de azar, tais como Loto, Quina, Sena, Mega-Sena, Loteria Esportiva, além das loterias tradicionais. Isso num país em que, paradoxalmente, o jogo de azar é proibido. A soma de todos esses fatores está esmagando a atividade turfística. E se somarmos a proliferação dos bingos e das máquinas caça-níqueis que, como se sabe, estão proibidos... mas, pelo menos aqui, continuam a explorar os incautos. Movem-se a liminares, quem sabe. O fato é que, em qualquer cantão das cidades, em qualquer boteco, vamos encontrar "maquininhas" funcionando sem qualquer controle. Esse é o quadro da dor. Que já desempregou todos os funcionários dos hipódromos de Rio Grande, Bagé, Uruguaiana, Livramento e reduziu a um mínimo o corpo funcional de Porto Alegre. Cachoeira e Santa Maria sobrevivem a duras penas. Praticamente não têm funcionários. Aqui, no Cristal, pululam as ações trabalhistas, algumas absurdamente milionárias, mas que encontram abrigo na Justiça, sempre pródiga em condenar o turfe. O Jockey Club do Rio Grande do Sul vive de seu patrimônio, mas os "anéis da vovó" estão se acabando. Foi-se a área em que está sendo edificado o Barra Shopping Cristal, numa venda, digamos, nebulosa. Foram-se os diversos terrenos que faziam parte do patrimônio da entidade, inclusive a antiga sede social, na rua Andrade Neves... Já nada resta e se não vierem providências urgentes, o Cristal também cerrará suas portas. Nós, os amantes do turfe, que vemos a atividade dar certo aqui a nosso lado, no Uruguai e na Argentina, não podemos nos conformar com o marasmo hoje imperante. É preciso pelo menos lutar. Ficar se lamentando, nada resolve. Ação, minha gente!

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